LOGO À MEIA NOITE
Logo à meia noite correrá o pano
Findará um Acto, cessará de vez!
Ficam os actores, mas o velho ano
Morre pela idade... o dois mil e dez
Dois mil e dez anos! Uma infinidade
Desde o nascimento na velha Belém
Em pobre choupana, na precariedade,
De um Homem de Paz, que pregava o Bem
Fosse Ele quem fosse na filiação,
Nascido do povo ou de origem divina,
Estaremos unidos nesta opinião
De que vale a pena seguir-lhe a doutrina
Falou de equidade, de amor, de carinho,
De paz, de concórdia, do homem-irmão...
Indicou a todos qual era o caminho
À luz da palavra, bondade e perdão
Seus ensinamentos foram caso sério
Para o homem vil, tornando-o iracundo;
Que a partir de Roma formara um Império
A ferro e a fogo mandando no mundo!
E logo o mataram, com tantos maus tratos
(Que ousou pôr em causa ganâncias, poder...)
Mas ainda hoje governam "Pilatos"
Com os mesmos actos, que lhes dão prazer
Porquê? - Interrogo. Não há quem me diga?
- Se os Impérios caem à luz da razão,
Como os anos morrem - que o tempo os obriga -
Ou morremos todos, quer ricos quer não!
A vida é de instantes, é breve passagem
No tempo que voa e vai tão veloz...
Podia ser bela, cómoda a viagem
Bastando só querermos... depende de nós!
Senhores da guerra, do Quero e do Posso
Olhos que só vêem ganância e cifrões,
O mundo é de todos e nunca só vosso!
Discutam ideias, aclarem razões!
Logo à meia noite virá mais um ano...
- De paz, de amizade, de amor, se componha!
Seja festejado, no quotidiano!
Dos erros passados tenhamos vergonha!
Joaquim Sustelo
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