sábado, 20 de abril de 2013


 
Ando um pouco acima do chão

Nesse lugar onde costumam ser atingidos

Os pássaros

Um pouco acima dos pássaros

No lugar onde costumam inclinar-se

Para o voo

Tenho medo do peso morto

Porque é um ninho desfeito

Estou ligeiramente acima do que morre

Nessa encosta onde a palavra é como pão

Um pouco na palma da mão que divide

E não separo como o silêncio em meio do que escrevo

Ando ligeiro acima do que digo

E verto o sangue para dentro das palavras

Ando um pouco acima da transfusão do poema

Ando humildemente nos arredores do verbo

Passageiro num degrau invisível sobre a terra

Nesse lugar das árvores com fruto e das
 
árvores

No meio de incêndios

Estou um pouco no interior do que arde

Apagando-me devagar e tendo sede

Porque ando acima da força a saciar quem vive

E esmago o coração para o que desce sobre mim

E bebe.

Faria, Daniel

in Poesia

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